quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Sobre o que não se alcança

Nesta noite há uma volição escomunal de choro. Duas espadas cairão sobre o dorso do vitimado pelas palavras descuidadas dos outros. E o apocalipse de nossos sonhos se dará. Ao passo que minhas sinceridades serão tomadas por uma depilação serena. Não, não haverá de ser mais eu quem lhe sussurrará os segredos da verdade. Não serei mais eu quem discursará sobre o véu da propriedade usurpada. Pois, jamais se nega a consumação do amor consumado em desgraça. Jamais se desautoriza o lábio grudado em doença no outro lábio atualmente ojerizado. Há de ser infância mal resolvida a natureza dessas manifestações. E enquanto um sono profundo dos desprovidos de iniciação se dorme, as vísceras dos indignados soerguem por sobre os terremotos mais bem tremidos de minha narrativa. Desnecessários adornados grafos, tudo se desvelaria escorregante. Amaria tudo que não há e assim nunca se cessaria. A história sobre o sequestro de meu lado esquerdo, um derretimento; quer dizer que se voltasse uns vinte e cinco minutos depois de todo o sempre, eu ainda estaria em estado de insatisfação, e mesmo que os pirilampos caguetassem sua presença em brilho brilho, não seria noite em meu peito. Eu sou simpatizasse de uma escrita que não se ascenderá; eu sou o risco que passa enquanto os olhos piscam. Trata-se do padrão de sentimento flutuante que nos foi concedido, um zumbido no ouvido de abelha abelha picante. Estamos morrendo de emoções. Estamos emudecidos de orgasmos. Eu sou debaixo d’água de meus pesadelos tartarugosos, bem lá no meio de onde tudo acontece, sobre que tudo que atravessa se registra. Nesta noite há uma volição escomunal de choro.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O mais perto que cheguei.

Fala-se por aí que toda a lividez se deva ao tão somente torpor de que você não me ame com todo o carinho pressuposto nos redemoinhos de verão. Há para cada criatura pequena uma queimação que se lhe suplanta os olhos d’água de paixão, tratando de que o mundo não se acabe em sua ausência. Há para cada abismo prematuro um desábito intenso que os antecede. O que guardava serelepe de mim, memória se perde, eu não serei ninguém sem precipício, eu não me lembro para fins de soerguimento. Trata-se do tempo que se dilata, nos pondo os corpos a três quilômetros por hora separados um do outro. Eu passaria a saber se me recordasse. Eu percorreria a fórmula ao contrário distância se a mim coubesse, mas copiosamente penso que o mistério apenas se fortalecerá na alma que se espreguiça no chão das salas dos desocupados. Não há conforto para o sentimento rouco catarrento de dores. Apenas o estômago poderia me comer. Sofro de uma mastigação cada vez mais assertiva e suculenta. E a cada dia sou mais ferozmente engolida em meus pecados, em meus delírios físicos, corruptos. Eu esperarei a morte de mais uma convicção, por que lacuna estabelecida me incapacita para o destoado. É como se a insuficiência de minhas aquisições, as permitissem concretas. Diz-se que não se sabe razão, mas na trajetória rumo ao relógio, nunca se nos apresentará o bastante. E o próximo ano não seria o bastante, e a próxima soma menos bastante. Anda por aí língua que se acometeu por uma vontade tremenda de nada. É como um grilhão picante, que me inerte. Sou do tempo de melancolias em que as maçãs se contentavam com o pouco de serem maçãs e tudo tão translúcido não se despencava tanto de seus cachos. Um pavor que não se circunscreve. Eu não caibo mais entre as embarcações de calmarias. A tatuagem que se traz se caracterizará pela sua irreversibilidade. Anda por ai um conto de que meus olhos dormiam calmos. Mas meus olhos não têm mais sono, meus olhos sumiram. Fala-se de quando até as palavras menos problematizadas serviam, de quando as entrelinhas eram menos vigorosas e a beleza em que eu cria ter me satisfazia. Até onde irá o coração sob o signo sucumbido das inimizades que cravou e do próprio desaproveitamento do percurso de uma vida paranóica? Há um relato que discursa desde a incompletude que inopera o ar de meus pulmões e o meu estranhamento se espalha eternamente a viciar as minhas sensações mais finas. Não se livrarão as íris da fumaça que se descortinou nas percepções mais fundamentais de minhas relações. Fala-se então que a marcha ré não funciona nessa guerra. E tudo se comprometerá fatalmente na vida dos vacilantes.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estudo sobre as mãos delicadas

Os tentáculos inexplícitos queimam as pontas fáceis de um temporal. E se estenderiam por entre as vísceras, mais ascendentes das almas, e se responsabilizariam pelo grau mais sublime de toda a incompreensão. A tudo perfuraria a hermética flor de lótus; por tudo percorreria a incapacidade de se fazer deixar estar em vínculos. Uma pequena mão, um animal de gestos delicados, ainda apesar de tudo. Uma chaleira gritosa em seu coração pudico. O acre entre as palmadas de sua literatura. A morte do parágrafo. A mão dada aos desapegos dos dedos falanges sinestésicos. Miúdas travessuras de amor constituem o coração dessa nova flor rodopiante. É patologia de uma literatura surgente. É pescoço de estendidas girafas crocantes. Era preciso fosse um engasgo que a tudo surrupiasse em desalento, em um supetão de cordas enforcadas para que a ordem dos suicídios se estabeleça. Salvo, antes ainda a sedução por um longo bocejo profundo. Por que seria arraigadamente subjugada pelas palavras que por dentro da esfinge pinicam, por dentro dos trópicos corrompem. As palavras que não serão ditas ao alcance das agulhas enformigadas. O novo mundo no sulco das feridas sulfurosas. Abriria poucadamente despetalando cada brotoeja de mágoa ressarcida, cada pó de memória embrenhada. Os gestos sucumbiriam à luz das glotes esfomeadas, eles cairiam no gozo das palavras que não se bicam no nado de insignificação de pensamentos. Os dedos segurariam as cabeças pândegas pendentes de comicidades, de despautérios. Conduzem-se as rédeas com riscos de vontade inacabada de genital, guia que volanteia em pavorosa. Segue, tornando dificultosos os antes despolemizados; encadeados os desassociados. Pequena relva dentro da revelia, mas é daí que o derradeiro brota orquideazinha. Andam botânicos os dedos de trepadeiras, mas é assim que se inicia o traço do ponto geométrico em cruz.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Superbonder ou Uma História de Amor

Na aresta sobressalente de realidade, eu senti em ressuscitação que o seu coração batia encima do meu. Acordei em câimbras como a quem se acoplou vínculo forte de paixãolitude. O que farei de quem saltou em mim o pulso agradecido? E mesmo que eu, por vezes, intente o perdão pelas maleabilidades d’alma de ferida antiga, penso em aspiração pulmonar, entretanto, que há laços que des-desmaiam nessa asca vida e que fazem da mandíbula profunda uma sobrevida finalmente desafogada, e a tudo essa menção se justificará. Será meu apenas elo de verdade. Será meu amparo mais imediato. Meu nome mais bem gravado por entre as pálpebras de rememoração de vez em hora torpe. Será o bem destilado no céu de astros congestionados e a mim guardado feito um filhote de galinha pequeno viril e de vulneráveis piados descompassados. Há tanta intensidade em tão insuficientes pragas que minhas sinapses estouraram-se. Será quem as acarinha, menos o pânico. Será um porto de confortabilidade. E enquanto ainda me sei acessível em expressão, penetrar-me; será tudo em profundo mais cravado. Amor consagrado em adesivo universal eterno.

Antevisão

De iogurte a leite de cabra pura, a vaca procura os olhos tristes de meu vendaval; mas estou no miolo gostoso do furacão penetra e não há trampolins de algodão que amorteçam a minha procura. Os sacolejos são pedras de gelo que degolam a sobriedade reserva. É como se incessasse de mim até que suas mãos vacilassem em minhas paranóias pelas costas mensagens faladas de pouco bom grado. Eu desespero da última carne de quem esperava fica a sobre-sensação de que me mude, de que me corrija, de que me outra queira. Um desconforto que compromete a vida da associação de dois. Eu quero um tutorial de como passar-se por despercebido no vale das mágoas. Eu quero um sopro gratificante. Eu quero um punhal efetivo e um uivo que me levante. Eu sou uma árvore que deixa para trás a estrada. Trinta segundos acontecem a todo mundo de remota relevância. Não se explica em pratos limpos o que se passa aqui dentro. Cada um carrega a inteligibilidade merecida, e mesmo que alguns se corrompam em desequilíbrio no prematuro fio ejaculado entre o que não se conhece, ela se legitimará em outro mundo em que os maltratados de coração terão vez. Eu dançaria como se fosse a última hora por cima do corpo enciumado e rodopiante de meus lamentos fólicos, entrecortados, rasurados desde o lado interno da razão controversa. Sinto que principia a descobrir as falibilidades da doença espalhada, do rastro de lesma radioativa a que arrasto. O início da despedida brilhante em mutação. Seguem anexas minhas rugas de preocupação desengonçadas. E se pelo menos uma vez eu me destoasse, certo de que seria para sempre alegria de sonhos ultrapassados. Eu pensei que era um copo, mas era apenas caixote. Seremos divorciados. Seremos doces encabulados. Seremos cicatrizes um do outro. Seremos plásticos equivocados de boca de eloquência. Haveríamos em furacão pendente entre os dentes mastigantes, e só saberemos nós separadamente no terremoto de nossas triturações a dor que carregamos depois de um arroto folclórico. Era uma vez.

Eu pensei que fosse Deus, mas era gonorréia

Meus pés eram amêndoas comportadas de emoções, eram cachos sobressaltados, arraigados, descontrolados nos pomares-feridas fincados no destino cabal dos desatentos. Golfadas de bocas fraturadas na janela de meu céu de boca. E se eu mastigasse a abelha, em vez do mel? Eu desafogaria os corações descompostos. Eu os salvaria copiosamente. E quando mais precisassem que minhas línguas os lambessem, eu os confortaria. Eu seria Jesus dos paranóides. Eu não me entorpeceria em qualquer ato de falibilidade. Eu serviria. Eu vi a porta sendo estuprada. Eu vi sua virgindade fortemente fragmentada enquanto eu me despia dormente. Acorde, pois há raras tormentas. As extremidades de um corpo são suas únicas aranhas de aforismos. Eu estou em queda entre as reticências. Eu sou um rizoma. Um enxerto no regador de urina. E se eu plantasse os meus pés, no lugar das rosas? Um jardim se soergueria flutuante. Nunca d’antes visto. Eu seria inédito. Incólume de apreciações. Eu seria branco estimulante entre os três pontos. Há o caos de uma dívida absoluta e de toda a humanidade dentro de minhas veias construída: um paradízimo. Reclamava do jogo de pentelhos tortos, pitorescos, mas se esquecia de que toda a marca da placenta fedida seria soberana em seu aspecto extremamente disforme e que se moldaria a todas as convicções, preconceitos e tiques-nervosos tão apregoados no lado de dentro que nem sei. Para tudo, uma receita amálgama; para tudo uma gentileza pesarosa. Não, eu nunca te abandonarei de minha doença longa. Da beira da borda da janela louca, tudo se lança à possibilidade de existência. Desejo de que aqui jaz tomada de propulsões de pulo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Balão delicado ou Os apocalipses de Mariana

Maravilha a espessura do brilho. Batidos os corações dentro do copo do triturador da copa. E tudo floresce na perseguição dos infames foragidos. Um zumbido na penugem forte dos sexos vadios. O ouvido cai dentro do ralo do chuveiro lapidado à lâmina cega. Minhas mãos percorrem. Enquanto dormirá, haverá sempre quem jorre de um jato de gozo que acarinhe as suas madeixas sonolentas. Eu não serei uma casca de ferida do amor descartado, pois eu quero engendrar-me pelos mantras de sua derme. Eu quero mastigar o açúcar fino de seu coração. Um pingo me deixou os cascos das unhas frouxas eterno. Eu sou uma potranca meia boca de dentes podres. E de que valerá? Um terremoto pequenino e minhas fadinhas deitadas no fundo do brejo residuoso. Imaculados, os alados não voarão e a garrafa só estará meio evaporada de labaredas soturnas. Eu temerei pelo pranto vindouro de meus binóculos. As ventanias expulsam o câncer inadequado de dentro das papoulas de rimas sinuosas. Uma culpa tremenda invadirá a imensidão dos telefones, os comerá. Eu perdi a poção das heresias paralelas de meu corpo volante. Essa é a fórmula das incompletudes via sacra. As veias estouradas: balão delicado. Será acometida de uma grande missão paranóica e tudo em sua flâmula trepidará. E tudo do lado esquerdo da face adormecerá venéreo. O pó das borboletas secas sucumbirá ao meu chamado lascivo para de dentro da alma borboletearem. As sedas dos bichos-da-seda os entorpecerão nas teias cavas da pele de veludo construída. Eu amaria se não fosse de ácido fólico todo o sangue.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Regurgitações

Piam corujas débiles. Piam para de dentro da alma cativante da noite que não é dia. A noite de toda a inspiração da coruja. A noite de pesadelos superdimensionados. Onde não há vez claridão, os postes são maiores do que deveriam convencionados. E eu tenho pavorosos sucos gástricos latejantes, picantes. Eles se mexem durante a noite de minha inexperiência entojada. Debaixo das pegadas, coloridos sapatos frufru. E o nome do cachorro macho é Frufru. É a lama venturosa que nos arrasta, por que todos seremos massacrados. São os afetos que nos comprometem como feito uma atmosfera penetrante de luxúrias a nos corromperem a santidade nunca antes pronunciada. Amam-se os modos pelos quais somos afetados, como se amam as prostituições a que não negamos subjugados. Não depois de tudo o que foi consolidado, em vez de não para que nada se soerguesse assim tão sereno e impiedoso. São laranjas esbranquiçadas que nos matam cabeçadas. Somos incapazes de detê-las, as devoramos e um botulismo filosófico nos paralisa os nervos suculentos. Estou aprisionada no corpo e em suas instituições. Tantos púbis declaradamente magérrimos e eu aqui não me emendo chupando manga. Corroboro de um fio por que mereceria ser eletrocutada. É por cada palavra que não se regride. É por cada soslaio de meu coração-tique-nervoso. Não há amor para um filho, não há amor para mim em mim. Creiam-se os secos na secura. Tudo se acabará na esmagadura final de uma infidelidade tão explicável que se legitimará no surto. Pois, há um surto, e ainda que sob envergadura de sintaxe ordenada, há um surto. E um vômito chorado se expele entre nossas promoções. É o destino cabal dos paranóides.

Aos oníricos ou Sintam a vibração da âncora profunda

Lentes do sonho para sonhar. Banho Flor morna Maria sem graça estrangulada mansa. Onde virulentos caberão? Intruja lento e sem dor a vacina. Sou dos de coração acuado. Há um alargamento decaído dos suspiros marca-texto. Eu engulo cada véspera sem passado. Um bicho comido guardado em cada gato pequeno sobressalente. E os que viverão sem viver? A palavra nunca será retomada. Trata-se de um estabelecimento de franquezas doentias. O mundo parará avermelhado entre. Afina a emoção. Desequaliza a pulsação. Sua a sua clarividência. Há uma neblina chorosa quando não neblina forte. O amor vai alto. O amor é um assassinato sóbrio. Assim que beberam de seus líquidos lúgubres incandescentes, o pecado se instaurou no seio humanitário. E sou eu que comerei dessa pendência até que se me desavergonhe dos desnudos pelos de toda a carne chula. Acarinha-os dormentes, pois não há saída para o animal ansiolitizado pelas garras do padrão. O veneno se acerca deturpado. Como arcar de tanto desajeito? Crê – se na existência de um boicote internacional fora de mim. As vibrações são vozes d’ de dentro das cabeças guilhotinadas, e um grande maremoto de cóleras se instaura e se me desvitaliza em úlcera. Eu caí no centro de minha rasura vinagrosa. E o que se passa no meio? De um a outro, o que se passa por enquanto? A mácula é original e as evocações são megalomaníacas. Acalma-me a golpes de paulada certeira. Eu preciso que o cardíaco pare-não-pare. Pois, acoplada na âncora profunda de famigerada condição; habituada a alcunha dos largados, sabe-se que os pés descalços virão sem precedentes sobre a madeira incendiária das convicções mais bem alicerçadas sobre que noticiaram. E tudo acabará habituado a se acabar. A ponta de meus dedos são tentáculos de misericórdia, é a ponta da corda do núcleo da miséria, estou por um fio de minha miséria. E ainda querem me esquartejar por detrás do balcão escondidos piro maníacos. Não se resiste mais, pois, há pouca temperança para tanta perseguição. Uma foto descrita de cada rosto que me segue entre os becos de meu pesadelo. Entre as fatias de meu tremelique, eu sorvo, entretanto. Mas ‘o que significa estar preso no sonho de uma menina?’

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Margaridas Infratoras

Queridas pulsações embrulhadas: venho, por meio desta, pedir que o pato espere por mais cinco minutos antes que eu nasça e que passe o tempo a encarniçar o seu topete fino até lá. Beijos quase retos presos tortos entoam sibilos. A história de minha chaga lateja aberta uma força, os parafusos comedores entram sanguíneos e esfoliantes do mal. Para minhas cores, arco-íris se acinzenta sereno. É uma cicatriz muito fina pele, mas há ferida, suplantada em corte calado; gritou um dia fundo. Doía, um pus mirabolante, eu me lembro que doía, em algum lugar na intensidade da marca doía. Água fria no coração inflamado o guardou em sopro soprado na ponta aguça do nariz. O osso de meu parto somente trinca uma de suas vértebras na perna direita da letra segunda do balão: estoura assônico. Há um gambá explodido ecoando. Você já sentiu um gambá? Hoje creio que o machucado foi seriamente comprometido pelo meu estado autóctone de desempolgação. Alguma sinapse medonha não se estabeleceu, as mãos não se deram. E aquele pedacinho consagrado é a vida toda porcaria. Um furo estuprado pelos dedos de lava radioativa. Cutuca por dentre os revólveres do voo rasante do tropeço da marca côncava. Mas de onde o pulmão respira tanto! Não chupe a casca da ferida de minhas unhas, elas estão molhadas e se derreterão na ferocidade de sua sucção. Aqui não se permitem as veias correndo. Eu caio do segundo parágrafo, ou do segundo andar? Eu deveria ser eliminado dessa literatura. Um balbuciar não conta na dobra da quebra de meu fracasso. Intimamente, há um destoamento se operando secreto, o aquário se rompe: surda borbulha. Sente? Desejo que volte ao estado primário das relações e tudo se compadeça perante as minhas frivolidades iniciais. E o que dizer dos filhotes frutíferos? E da correnteza sem água e entulho? E essa jaula que me atinge forte feito uma ereção. Um grito. É uma escreveção só do coração sem porta.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Consagrações

Comeram o pão dormido de meu coração e ele acordou amante. Entre – dentes o possuíram, sexo. Deus, as borboletas abriram as asas dos olhos para o sol e suas tagarelices se converteram em estátua de sal. Há um prazo estipulado para que nos abatamos de nossas farsas passadas, mas são só pirilampos-palavras laminares. São só palavras de peçonhas dilaceradas. Eu vi um escorpião saindo por de dentro de seu chapéu, medusas vermelhas de minha saudade, presença. Você se ia igual à morte das tesouradas entrando e saindo de meu vacilo. Em verdade, em verdade temia que as jabuticabas se pousassem de novo e de novo desejassem o fruto feroz. O medo era de que o gozo viesse do mesmo forno torpe. O álcool no canto do fundo da boca marcava a incisão de meus aconchegos. Eu voaria, mesmo sem asas, desalado patrimônio. As mãos chochas tombaram e suaram marejadas. Voltemos então, ao ponto das desconfianças iniciais para que a profecia se alicerce. Não é de bom grado desentranhar a existência de toda a força na doença. Eu não compreendo mais nem um pingo de seu amor deflagrado: horizonte. Lá isso um dia fora legítimo, mas penso que nasci depois minha paixão. Tratava-se tão somente de um poço fundo do medo, do modo como medo viria impávido. Alfinetadas finas fagulhas ressoando ainda. Há um cágado profundo vagaroso de minhas rememorações indignas. É como se tudo se estivesse a começar no ritmo nebuloso daquela tartaruga. Eu acordaria, se estivesse adormecida: é toda uma instituição, é força forte. Para com eles não posso, carnevolência. Hipnóticas chapas de esperança, pois ao mesmo em tempo que alimentam espectros passantes do corpo, os repelem risosos. São só literaturas agulhas: eu resistiria.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

À cavalo calado; não se dá 'bom dia'

Trata-se da providência adquirida desde que os cavalos passaram a ser atordoados com meus fervorosos "bons-dias". Era o des-lugar da temperança de minha incumbência de pequenina vida, era a vez da ordem do intervalo entre os corações batidos. E tão vibrantes quanto a psicodelia de meus equinos faladores, calei-me até de toda a necessidade do meu emudecimento. A literatura, pois, atuará feito pretenso registro de minhas clarividências fracassadas, e de meus lampejos que vezes se me retornam em patologia. A literatura do afeto seleto; a omissão. Trata-se, assim, do relato das des-negligências do uso das salivas, passo à ordem dos desinteressados e dos desinteressantes; da ideologia dos que não mais dirão. Como não quem, em desastre, sabe a que destinar as armas da retórica que carrega em punho; por ora, eu sei. É a ficcionalização de um pequeno silêncio voluntário no meu mundo possível, a revelia das feridas que ocasiono: emudeço. Por que calados, minguaremos nossa oportunidade de nos fazermos descreditados, de mal interpretados, de nos mais muitos e, no fim, deficientes comunicadores. A língua ativa e a inclusão de desafeto para o que é condenado às irreversíveis crudezas das leituras das entrelinhas. E como, em conspiração, convertemo-nos, cremos, de periféricas porcarias em porcarias centralizadas, e nos comprometemos em nossa incapacidade de sermos simples. Calemo-nos, até que os assassinatos mais profundos não cheguem às vias de falo em violência de carne pela palavra, e não por conta do que se ergueu moralmente entre nós, mas pelo o que é juridicamente trabalhoso aos psicopatas em meu crime de motivação torpe e com pequenos requintes de crueldades em minha prática. Calemo-nos, pois, antes que os cavalos nos cumprimentem, e nós os respondamos serelepes, como em sinal de descabimento se nos instaurando profunda entre nós.

Ante tanto esperma: o que farei, carne?

Das desgraças que não faço pouco: a missão da infante carne é como um apego nos tremeliques da mágoa. Há um texto engasgado dentro de meu útero, há um aborto. Um choro intrínseco aguardando na boca do estômago de minhas recepções, e ao piado do miolo gatilho nascem virulências e o estouro. É tão incompetente o corpo. É como ficar-me inerte, ao passo que o mundo gira em torno do umbigo flutuante e decadente. Há mais posturas antes do rendido enfraquecimento. O estouro me possui como se possui um demônio encarnado ao seu mamilo mamante. Desde o nascimento do que pragueja, ainda que eu andasse pelo vale das sombras, não haveria abstenção mais irreversível do que a matéria pensante que se distancia. Padece o meu coração que será implodido pelos pedaços de cacos que não foram recolhidos pelas abelhas polinizadoras do fundo do centro do chão da vaginessência. Há uma fissura preta em que toda a malevolência dos descuidadosos sempre poderá repousar feito um colo pra se babar, veneno. Há um trato carinhoso eternamente pendente, uma resposta sem retorno próximo. E ainda que eu andasse pelo vale das sombras, não havia em mim condição de temeridade. É como se distribuísse em excesso as minhas potências que a mim nenhuma delas escolhera. Algumas coisas não se reavivam desde que fora atravessada pelo espectro das flores luz. Será que ainda há vida após a vida? Pois parecia tão verdade a forma como os batimentos engoliam a minha boca. Eu me senti um arquivo corrompido pela noite, cheio de aberturas, cheio de possibilidades, cheio de vazamentos, cheio de vontade de sexuar-me qualquer-maneira às duras penas queimadas. Eu vi deus e, ainda que eu andasse pelo vale das sombras, ele não me viu; há entre nós dois ambos uma lacuna que se descontinua. É tão somente essa a cesura. Entre as mascadas de chicle tudo será bom, nos limites da bonança. O sono se emurcha, suplantado por pequenas pelancas de dores de cabeça. Há uma desidratação irrecuperável. E ainda que eu ande pelo vale das sombras, me faltará água. Por vezes, se me come um desejoso impulso de bem, mas é tão pouco pouco, que o algodão doce se desfacela. O eco não volta, o eco não volta para dentro de mim. E quando volta, é mudo doído choroso de peito quebrado. Em torno da cabeça, o buraco cavado. Meus limites são multidões, são covas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A história do fantasma fantasmagórico

Se eu fosse ontem, eu não me instauraria no lugar da possibilidade que se me perdeu enquanto os olhos piscavam rápidos. Há um impreterível escape entre os dedos mais deformados da natureza das flores mais belas. Há um esvanecimento que se opera desde o nascimento de nossos corações firmes. Eu falo, pois, do instante dos aconselhamentos chatos de vida, do didatismo desgraçado de que se apropriam os tão fracassadamente propensos passados mudos desligados seus. Raras vezes, re-necessário a cena, o 'eu fui' não cometeria ordem qualquer de razão em desorgulho, não mataria e não enterraria os corpos em eminência severa de desvelamento. Mas em estratégia de compensação recalcada, se eu fosse ontem, eu não haveria de haver entendido, por exemplo, que o último ato de estupidez por mim cometido está se acontecendo agora e, que, perecível, logo se desmoronará em outros. Oportunidade de ressacas de vésperas não faltarão assim como alguns peitos são fartos são destrutivos e, mas, exageradamente infrutíferos. Se eu fosse ontem, eu pararia de respirar, mas eu não pularia para dentro do que se efervesce dentro de mim. Eu calcularia, pois o lugar das possibilidades é permissivo, é fantástico, é divertido; são pernas entretidas em pernas; é pele. Mas depois que se entende, não haverá 'nada mais fantasmagórico, do que um fantasma'. Eu sou a pluma. Só haveremos de recair em pluma, e dançaremos, dançaremos direto na boca do gato mirabolante. Nosso fado próximo é a boca do gato mirabolante. Eu entendi. Se eu fosse ontem, eu não engoliria, eu me daria a segregação de não entender dessas coisas grandes e virulentas de que tanto falam as vozes de minha cabeça, ou as cabeças de minhas vozes. 'O lance de dados jamais abolirá o acaso': desculpem. Se eu fosse ontem, eu seria menos fatalidade de meus afetos. Eu não teria morrido de morte matada de afeto. E não pretensa amaria, e não pretensa cuidaria, e não pretensa me grudaria na fragilidade de outros corpos, eu não me pretenderia da miudeza do abandono. E tudo será feito um sonho pesadelo, um tipo de envenenamento no mais genuíno de sua significação. Se eu fosse ontem, eu não viveria hoje para estabelecer as minhas matrizes mais irreversivelmente consolidadas de comportamento. Nada teria sido uma espécie de dádiva, o sangue jorrado estancado pela afinidade, pela substituição dos lugares comuns. Se eu fosse ontem, eu teria medo, eu não me arrancaria de minhas armas fracassadas. Eu entendi que eu nunca tive armas fortes para o suporte de tanta peleja travada. Se eu fosse ontem eu não pelejaria. Houve o tempo em que o coração explodiu feito em doença, resultou feito uma concha quente do sexo acolhedora de pulsações. Eu não seria deus, eu não seria implodida de relâmpagos. Se eu fosse ontem, eu sucumbiria vacilante, vexatória. Se eu fosse ontem, 'viver (seria) perigoso' demais e eu não me morreria até o esvaecimento pleno de minhas suficiências antigas. Eu entendi, e, pois, invadamo-nos de latrocínios, é a temporada das lamentações. Se eu fosse ontem, eu não seria ontem, eu não me emendaria jamais em minhas rudezas, uma vez que daqui já se nos desautorizamos desse encargo, não há mais encaixe. Eu não anteveria, eu não antevejo.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O tratado universal das faíscas

No centro de suas pernas cruzadas muitas coisas começam enquanto outras terminam. Todo o nascimento é fedido. 'É pernóstico'. Há um inchaço que não se cessa. E amanhã isso será de uma vez por todas as vezes feito uma garganta enganchada dentro da garganta. Um sufoco que não se diz. A clarividência é repleta de sobreposições e de sincretismos. Um espinho de peixe profundamente mudo no meio de suas potências. Como nas asas de uma fumaça preta era preciso que se despelejasse de tão picuinhas preocupações. Diz a alma antiga dos pretensos entendidos. E convidado a praticar a partir da sistematização do conhecimento, escreveu uma carta um tanto pomposa, em que agradecia, falso, tamanha fineza de recordação, mas a recusa seguia com o argumento de ele pensar tratar-se de um tipo que se lhes inadequara a tarefa, uma vez que só lampejava. Fracassadamente só faíscas perdidas, escapadas à captura. E no momento se atinha à arrumação do que delas fazer, a que delas servir. Um soco no peito caindo no fundo do poço. Não há em que se agarrar: há um rasgo no meio da pulsação mais intensa: é a vida. e, por ora, e a favor da vida; que seja, pois, ela vivida. Essa manifestação responde do lugar entre o suspiro e outro suspiro de um desesperante em desespero que, antes de passar, não passa nunca. 'Congresso internacional do hermetismo'. Será que há algo fora de algo? Isto é, será que, alcançando as mesmas resultantes torpes, há os mesmos métodos? 'Deixam assim o mundo tão estúpidos como se os encontram'. Não seria doador declarado de órgãos, porque não se perigava chegar aos infernos sem os olhos, os rins ou o coração, pelo menos em presença carnal e não em anima, como tinha por hábito antes da falência múltipla de sensações a que se submetera, mas isso daria uma outra história infeliz, por que bem poucos desordeiros se interessariam e muito provavelmente dela fariam mal uso torto. E tomando providência com relação ao que desejara antes sem precaução, segue-se no meio das cochas devastadoras.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A morte dos gatos dançarinos

(Texto dedicado à Thiago, de cuja existência necessitei, para que o texto existisse) Vai alta a Lua no céu de primavera e eu te amo. Trata-se, pois, da história de objetos amantes vagantes que se propuseram um ao outro. Trata-se, pois, da concupiscência de duas carnes profundamente inscritas em lençóis de sagrados delírios e eu te amo. E eu te amaria para sempre em minha pessoalidade e de meus espontâneos desejos. Anteviam um no outro o lugar de seus mais comedidos carinhos. O encontro bastasse para que eles quase acreditassem em algo que de tão bom talvez não existisse e eu te amo. Mal saberiam que eram tão incomensuráveis exacerbações em seus falares e gestos que, o celebrariam, bastante as muriçocas. E eram olhos profundos comedores de tripas de excitação: amor em que não se cria. Deitarão no lugar mais importante do mundo; aconchegarão-se a partir de seu abraço e do lugar mais passional de coração latenteando. Ia subindo, subindo, de uma subida sem fim. Deus! Não os derrube desse pé de jabuticaba. Não os prive de seu momento de travessia. Não apague sua luz. Melindrosos catarros se converterão em folhas de ouro verdadeiro e eu te amo. Essa é a história de um corpo que prescinde de outro e que isso não se acabasse dele e que de seus afagos não se preocupasse em despistar com empenhos de fugas, os garanto: genuínos. De alfaces definhadas ao apetite voraz de carne e eu te amo. Há, ainda, quatro gatos escaldados dançando em seus estômagos, pouco a pouco eles escorregam, pouco a pouco eles desaprendem a dançar. Deus! Não os re-ensine a dançar dentro deles! E de impassíveis tempos de tormento em suas ausências; eles se permitiram encontrar. De baixo para cima e eu te amo impreterivelmente. Existe uma consolidação irrecuperável naquilo tudo: Carnalizara-se a sobre-divina paixão. Dá-me, amor, corrrência dessas sensações e eu te amo. Transformarão os pulmões tolos de fumaça em sangue afinado de emoção. É tempo de que se afanem terrivelmente e de que nunca mais os traga para de volta do antes deles. Seja repouso de meus desalentos, seja depósito de minhas empolgações. È ainda a história de quem fugia e caiu em benção de amor e eu te amo. Nisso, seus papeis rascunhados retomaram a condição de árvores flamejantes. Sei que os deuses perdoarão as manifestações de mais intensos suspiros entrecortados, pois eis a impressão do mais “autóctone” sensação no peito. Se sonho, acreditam sonho de mais vivida vida, se lhe não anestesia e eu te amo. Pois a epifania daquela história é o fato de ela confeccionar-se nos tremeliques da passagem e não na decadência de seus extremos. Na lucidez de sua incompletude e não na patologia de sua perfeição e eu te amo. Coração em polvorosa, paixão, pois enfim as agulhas foram retiradas do coração por cujas mãos de amado. Providenciara-se a dor ao contrário, sê forte, sê bom, sê necessário. E seja a hora e a vez da estrela de sua humanidade. É não mais do que a história da humanidade em carne. E como já pudesse morrer depois dessa batida de corações em harmonia: eu te amo.

A Era de Aquário ou Da Importância de Sermos Abandonados

Trata-se essa da história de quando as formigas se adormeceram e todo o trabalho do universo caiu em desgraça de pendência. O abandono nada mais será do que o largar de mão do cuidado de nossos sentimentos e o dar de ombros ao empenho da alegria de nossos carnes. Todas as vezes que alguém se nos vai somos tão intrinsecamente objetos daquele engodo, e temos tão afincamente esmagados por entre os dedos os corações, que não nos aceitamos vítimas da irresponsabilidade do cativante. Não racionalizamos, somos desconstituídos de nossa humanidade em indeterminação de eras. A reminiscência em nossa lamúria não nos desvinculará tão pronto de matéria que fala diretamente do lugar da paixão. E para que nos lavemos do lixo em que cremos em convicção sermos, atravessaremos o universo das meditações mais impossíveis, das evasões mais agressivas ao corpo, e dos apelos por afetos mais melancólicos sobre que noticiaram para nós nos últimos tempos. Porque, sim, na condição de largados braços, haveremos de chorar todas as noites de mágoas rememoradas, cometendo íntimos pactos de silêncio e de dor eternos. Entretanto, chegará o tempo, (por isso pacientemo-nos até o lado de lá) que, quando distantes; colheremos nossas literaturas mais fantásticas e nossas melodias mais virtuosas, pois, o tempo da escuridão de nossas humanidades tão mal-tratadas, e tão postas à prova, se nos desencadeará uma espécie de revelação que virá dos céus para que possamos nos estancar de todo o sangramento. De nós será feito força em fraqueza, a partir da profunda iluminação de nossas crenças esquecidas e genuínas. À tona nos perceberemos valorados novamente em nossa pequena ressuscitação. e tudo o que antes sucedera se converterá em micro-dimensão de suas máculas. Se nos será novamente concedido o direito de não havermos tipo culpa e de havermos acertado. E aprenderemos sua necessidade (da dor); seremos outro em mesmo corpo, morreremos vivos. Já que, à espera da felicidade, será quanto antes saudável aceitarmos a tragédia, para que sejamos habituados a nos direcionar desde o parâmetro de imperfeição. Assim, avistaremos a bonança e não a perderemos de vista, pois ela significará tudo o que nunca tivemos, e não as esmagaremos entre os nossos dedos e não nos igualaremos ao tipo torpe de nossos malfeitores de outros tempos. A tomaremos com mimo como grande tesouro de nossos mais recentes alentos. Nesse dia, saberemos que todo o deleite se caracterizará pela contracorrência dos sonhos enganados. Depois disso, e só depois de nossos insignificativos derrames, o peso virará leveza e os amores se nos permitirão verdadeiramente serem amores. o sol voltará em brilho aos olhos. Encontraremos quando menos procurarmos. nossos rostos se mudarão em plena anunciação de gozo, não erraremos os mesmos erros. Nossas dedicatórias nominais antigas passarão à domínio público e, finalmente o autor não será personagem, pois, trata-se de uma história a todos pertencente, não nos mais terá uma relevância pessoal. Depois do abandono, a verdadeira raridade será desenterrada, e descobriremos que fomos nós, na verdade, quem expurgamos de nossas miudezas junto ao abandonante. Esse é o dia em que esse tipo de conhecimento se nos desvelará e nos será permitido dizermos não saber ao certo sobre certas conversas e o proclamarmos em comunidade, sem que a face de nosso ego se enrubesça pequeno, pois nossas individualidades estarão amparadas sem se cortar nas arestas profundas de outros leitos. Pois, a saber; amaremos. verdadeiramente amaremos, creio.