segunda-feira, 7 de junho de 2010

Ante tanto esperma: o que farei, carne?

Das desgraças que não faço pouco: a missão da infante carne é como um apego nos tremeliques da mágoa. Há um texto engasgado dentro de meu útero, há um aborto. Um choro intrínseco aguardando na boca do estômago de minhas recepções, e ao piado do miolo gatilho nascem virulências e o estouro. É tão incompetente o corpo. É como ficar-me inerte, ao passo que o mundo gira em torno do umbigo flutuante e decadente. Há mais posturas antes do rendido enfraquecimento. O estouro me possui como se possui um demônio encarnado ao seu mamilo mamante. Desde o nascimento do que pragueja, ainda que eu andasse pelo vale das sombras, não haveria abstenção mais irreversível do que a matéria pensante que se distancia. Padece o meu coração que será implodido pelos pedaços de cacos que não foram recolhidos pelas abelhas polinizadoras do fundo do centro do chão da vaginessência. Há uma fissura preta em que toda a malevolência dos descuidadosos sempre poderá repousar feito um colo pra se babar, veneno. Há um trato carinhoso eternamente pendente, uma resposta sem retorno próximo. E ainda que eu andasse pelo vale das sombras, não havia em mim condição de temeridade. É como se distribuísse em excesso as minhas potências que a mim nenhuma delas escolhera. Algumas coisas não se reavivam desde que fora atravessada pelo espectro das flores luz. Será que ainda há vida após a vida? Pois parecia tão verdade a forma como os batimentos engoliam a minha boca. Eu me senti um arquivo corrompido pela noite, cheio de aberturas, cheio de possibilidades, cheio de vazamentos, cheio de vontade de sexuar-me qualquer-maneira às duras penas queimadas. Eu vi deus e, ainda que eu andasse pelo vale das sombras, ele não me viu; há entre nós dois ambos uma lacuna que se descontinua. É tão somente essa a cesura. Entre as mascadas de chicle tudo será bom, nos limites da bonança. O sono se emurcha, suplantado por pequenas pelancas de dores de cabeça. Há uma desidratação irrecuperável. E ainda que eu ande pelo vale das sombras, me faltará água. Por vezes, se me come um desejoso impulso de bem, mas é tão pouco pouco, que o algodão doce se desfacela. O eco não volta, o eco não volta para dentro de mim. E quando volta, é mudo doído choroso de peito quebrado. Em torno da cabeça, o buraco cavado. Meus limites são multidões, são covas.

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