sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A morte dos gatos dançarinos
(Texto dedicado à Thiago,
de cuja existência necessitei, para que o texto existisse)
Vai alta a Lua no céu de primavera e eu te amo. Trata-se, pois, da história de objetos amantes vagantes que se propuseram um ao outro. Trata-se, pois, da concupiscência de duas carnes profundamente inscritas em lençóis de sagrados delírios e eu te amo. E eu te amaria para sempre em minha pessoalidade e de meus espontâneos desejos.
Anteviam um no outro o lugar de seus mais comedidos carinhos. O encontro bastasse para que eles quase acreditassem em algo que de tão bom talvez não existisse e eu te amo. Mal saberiam que eram tão incomensuráveis exacerbações em seus falares e gestos que, o celebrariam, bastante as muriçocas. E eram olhos profundos comedores de tripas de excitação: amor em que não se cria. Deitarão no lugar mais importante do mundo; aconchegarão-se a partir de seu abraço e do lugar mais passional de coração latenteando. Ia subindo, subindo, de uma subida sem fim. Deus! Não os derrube desse pé de jabuticaba. Não os prive de seu momento de travessia. Não apague sua luz. Melindrosos catarros se converterão em folhas de ouro verdadeiro e eu te amo.
Essa é a história de um corpo que prescinde de outro e que isso não se acabasse dele e que de seus afagos não se preocupasse em despistar com empenhos de fugas, os garanto: genuínos. De alfaces definhadas ao apetite voraz de carne e eu te amo. Há, ainda, quatro gatos escaldados dançando em seus estômagos, pouco a pouco eles escorregam, pouco a pouco eles desaprendem a dançar. Deus! Não os re-ensine a dançar dentro deles! E de impassíveis tempos de tormento em suas ausências; eles se permitiram encontrar. De baixo para cima e eu te amo impreterivelmente. Existe uma consolidação irrecuperável naquilo tudo: Carnalizara-se a sobre-divina paixão. Dá-me, amor, corrrência dessas sensações e eu te amo. Transformarão os pulmões tolos de fumaça em sangue afinado de emoção. É tempo de que se afanem terrivelmente e de que nunca mais os traga para de volta do antes deles. Seja repouso de meus desalentos, seja depósito de minhas empolgações. È ainda a história de quem fugia e caiu em benção de amor e eu te amo.
Nisso, seus papeis rascunhados retomaram a condição de árvores flamejantes. Sei que os deuses perdoarão as manifestações de mais intensos suspiros entrecortados, pois eis a impressão do mais “autóctone” sensação no peito. Se sonho, acreditam sonho de mais vivida vida, se lhe não anestesia e eu te amo.
Pois a epifania daquela história é o fato de ela confeccionar-se nos tremeliques da passagem e não na decadência de seus extremos. Na lucidez de sua incompletude e não na patologia de sua perfeição e eu te amo. Coração em polvorosa, paixão, pois enfim as agulhas foram retiradas do coração por cujas mãos de amado. Providenciara-se a dor ao contrário, sê forte, sê bom, sê necessário. E seja a hora e a vez da estrela de sua humanidade. É não mais do que a história da humanidade em carne. E como já pudesse morrer depois dessa batida de corações em harmonia: eu te amo.
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