quinta-feira, 17 de junho de 2010

Consagrações

Comeram o pão dormido de meu coração e ele acordou amante. Entre – dentes o possuíram, sexo. Deus, as borboletas abriram as asas dos olhos para o sol e suas tagarelices se converteram em estátua de sal. Há um prazo estipulado para que nos abatamos de nossas farsas passadas, mas são só pirilampos-palavras laminares. São só palavras de peçonhas dilaceradas. Eu vi um escorpião saindo por de dentro de seu chapéu, medusas vermelhas de minha saudade, presença. Você se ia igual à morte das tesouradas entrando e saindo de meu vacilo. Em verdade, em verdade temia que as jabuticabas se pousassem de novo e de novo desejassem o fruto feroz. O medo era de que o gozo viesse do mesmo forno torpe. O álcool no canto do fundo da boca marcava a incisão de meus aconchegos. Eu voaria, mesmo sem asas, desalado patrimônio. As mãos chochas tombaram e suaram marejadas. Voltemos então, ao ponto das desconfianças iniciais para que a profecia se alicerce. Não é de bom grado desentranhar a existência de toda a força na doença. Eu não compreendo mais nem um pingo de seu amor deflagrado: horizonte. Lá isso um dia fora legítimo, mas penso que nasci depois minha paixão. Tratava-se tão somente de um poço fundo do medo, do modo como medo viria impávido. Alfinetadas finas fagulhas ressoando ainda. Há um cágado profundo vagaroso de minhas rememorações indignas. É como se tudo se estivesse a começar no ritmo nebuloso daquela tartaruga. Eu acordaria, se estivesse adormecida: é toda uma instituição, é força forte. Para com eles não posso, carnevolência. Hipnóticas chapas de esperança, pois ao mesmo em tempo que alimentam espectros passantes do corpo, os repelem risosos. São só literaturas agulhas: eu resistiria.

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