terça-feira, 19 de outubro de 2010

O mais perto que cheguei.

Fala-se por aí que toda a lividez se deva ao tão somente torpor de que você não me ame com todo o carinho pressuposto nos redemoinhos de verão. Há para cada criatura pequena uma queimação que se lhe suplanta os olhos d’água de paixão, tratando de que o mundo não se acabe em sua ausência. Há para cada abismo prematuro um desábito intenso que os antecede. O que guardava serelepe de mim, memória se perde, eu não serei ninguém sem precipício, eu não me lembro para fins de soerguimento. Trata-se do tempo que se dilata, nos pondo os corpos a três quilômetros por hora separados um do outro. Eu passaria a saber se me recordasse. Eu percorreria a fórmula ao contrário distância se a mim coubesse, mas copiosamente penso que o mistério apenas se fortalecerá na alma que se espreguiça no chão das salas dos desocupados. Não há conforto para o sentimento rouco catarrento de dores. Apenas o estômago poderia me comer. Sofro de uma mastigação cada vez mais assertiva e suculenta. E a cada dia sou mais ferozmente engolida em meus pecados, em meus delírios físicos, corruptos. Eu esperarei a morte de mais uma convicção, por que lacuna estabelecida me incapacita para o destoado. É como se a insuficiência de minhas aquisições, as permitissem concretas. Diz-se que não se sabe razão, mas na trajetória rumo ao relógio, nunca se nos apresentará o bastante. E o próximo ano não seria o bastante, e a próxima soma menos bastante. Anda por aí língua que se acometeu por uma vontade tremenda de nada. É como um grilhão picante, que me inerte. Sou do tempo de melancolias em que as maçãs se contentavam com o pouco de serem maçãs e tudo tão translúcido não se despencava tanto de seus cachos. Um pavor que não se circunscreve. Eu não caibo mais entre as embarcações de calmarias. A tatuagem que se traz se caracterizará pela sua irreversibilidade. Anda por ai um conto de que meus olhos dormiam calmos. Mas meus olhos não têm mais sono, meus olhos sumiram. Fala-se de quando até as palavras menos problematizadas serviam, de quando as entrelinhas eram menos vigorosas e a beleza em que eu cria ter me satisfazia. Até onde irá o coração sob o signo sucumbido das inimizades que cravou e do próprio desaproveitamento do percurso de uma vida paranóica? Há um relato que discursa desde a incompletude que inopera o ar de meus pulmões e o meu estranhamento se espalha eternamente a viciar as minhas sensações mais finas. Não se livrarão as íris da fumaça que se descortinou nas percepções mais fundamentais de minhas relações. Fala-se então que a marcha ré não funciona nessa guerra. E tudo se comprometerá fatalmente na vida dos vacilantes.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estudo sobre as mãos delicadas

Os tentáculos inexplícitos queimam as pontas fáceis de um temporal. E se estenderiam por entre as vísceras, mais ascendentes das almas, e se responsabilizariam pelo grau mais sublime de toda a incompreensão. A tudo perfuraria a hermética flor de lótus; por tudo percorreria a incapacidade de se fazer deixar estar em vínculos. Uma pequena mão, um animal de gestos delicados, ainda apesar de tudo. Uma chaleira gritosa em seu coração pudico. O acre entre as palmadas de sua literatura. A morte do parágrafo. A mão dada aos desapegos dos dedos falanges sinestésicos. Miúdas travessuras de amor constituem o coração dessa nova flor rodopiante. É patologia de uma literatura surgente. É pescoço de estendidas girafas crocantes. Era preciso fosse um engasgo que a tudo surrupiasse em desalento, em um supetão de cordas enforcadas para que a ordem dos suicídios se estabeleça. Salvo, antes ainda a sedução por um longo bocejo profundo. Por que seria arraigadamente subjugada pelas palavras que por dentro da esfinge pinicam, por dentro dos trópicos corrompem. As palavras que não serão ditas ao alcance das agulhas enformigadas. O novo mundo no sulco das feridas sulfurosas. Abriria poucadamente despetalando cada brotoeja de mágoa ressarcida, cada pó de memória embrenhada. Os gestos sucumbiriam à luz das glotes esfomeadas, eles cairiam no gozo das palavras que não se bicam no nado de insignificação de pensamentos. Os dedos segurariam as cabeças pândegas pendentes de comicidades, de despautérios. Conduzem-se as rédeas com riscos de vontade inacabada de genital, guia que volanteia em pavorosa. Segue, tornando dificultosos os antes despolemizados; encadeados os desassociados. Pequena relva dentro da revelia, mas é daí que o derradeiro brota orquideazinha. Andam botânicos os dedos de trepadeiras, mas é assim que se inicia o traço do ponto geométrico em cruz.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Superbonder ou Uma História de Amor

Na aresta sobressalente de realidade, eu senti em ressuscitação que o seu coração batia encima do meu. Acordei em câimbras como a quem se acoplou vínculo forte de paixãolitude. O que farei de quem saltou em mim o pulso agradecido? E mesmo que eu, por vezes, intente o perdão pelas maleabilidades d’alma de ferida antiga, penso em aspiração pulmonar, entretanto, que há laços que des-desmaiam nessa asca vida e que fazem da mandíbula profunda uma sobrevida finalmente desafogada, e a tudo essa menção se justificará. Será meu apenas elo de verdade. Será meu amparo mais imediato. Meu nome mais bem gravado por entre as pálpebras de rememoração de vez em hora torpe. Será o bem destilado no céu de astros congestionados e a mim guardado feito um filhote de galinha pequeno viril e de vulneráveis piados descompassados. Há tanta intensidade em tão insuficientes pragas que minhas sinapses estouraram-se. Será quem as acarinha, menos o pânico. Será um porto de confortabilidade. E enquanto ainda me sei acessível em expressão, penetrar-me; será tudo em profundo mais cravado. Amor consagrado em adesivo universal eterno.

Antevisão

De iogurte a leite de cabra pura, a vaca procura os olhos tristes de meu vendaval; mas estou no miolo gostoso do furacão penetra e não há trampolins de algodão que amorteçam a minha procura. Os sacolejos são pedras de gelo que degolam a sobriedade reserva. É como se incessasse de mim até que suas mãos vacilassem em minhas paranóias pelas costas mensagens faladas de pouco bom grado. Eu desespero da última carne de quem esperava fica a sobre-sensação de que me mude, de que me corrija, de que me outra queira. Um desconforto que compromete a vida da associação de dois. Eu quero um tutorial de como passar-se por despercebido no vale das mágoas. Eu quero um sopro gratificante. Eu quero um punhal efetivo e um uivo que me levante. Eu sou uma árvore que deixa para trás a estrada. Trinta segundos acontecem a todo mundo de remota relevância. Não se explica em pratos limpos o que se passa aqui dentro. Cada um carrega a inteligibilidade merecida, e mesmo que alguns se corrompam em desequilíbrio no prematuro fio ejaculado entre o que não se conhece, ela se legitimará em outro mundo em que os maltratados de coração terão vez. Eu dançaria como se fosse a última hora por cima do corpo enciumado e rodopiante de meus lamentos fólicos, entrecortados, rasurados desde o lado interno da razão controversa. Sinto que principia a descobrir as falibilidades da doença espalhada, do rastro de lesma radioativa a que arrasto. O início da despedida brilhante em mutação. Seguem anexas minhas rugas de preocupação desengonçadas. E se pelo menos uma vez eu me destoasse, certo de que seria para sempre alegria de sonhos ultrapassados. Eu pensei que era um copo, mas era apenas caixote. Seremos divorciados. Seremos doces encabulados. Seremos cicatrizes um do outro. Seremos plásticos equivocados de boca de eloquência. Haveríamos em furacão pendente entre os dentes mastigantes, e só saberemos nós separadamente no terremoto de nossas triturações a dor que carregamos depois de um arroto folclórico. Era uma vez.

Eu pensei que fosse Deus, mas era gonorréia

Meus pés eram amêndoas comportadas de emoções, eram cachos sobressaltados, arraigados, descontrolados nos pomares-feridas fincados no destino cabal dos desatentos. Golfadas de bocas fraturadas na janela de meu céu de boca. E se eu mastigasse a abelha, em vez do mel? Eu desafogaria os corações descompostos. Eu os salvaria copiosamente. E quando mais precisassem que minhas línguas os lambessem, eu os confortaria. Eu seria Jesus dos paranóides. Eu não me entorpeceria em qualquer ato de falibilidade. Eu serviria. Eu vi a porta sendo estuprada. Eu vi sua virgindade fortemente fragmentada enquanto eu me despia dormente. Acorde, pois há raras tormentas. As extremidades de um corpo são suas únicas aranhas de aforismos. Eu estou em queda entre as reticências. Eu sou um rizoma. Um enxerto no regador de urina. E se eu plantasse os meus pés, no lugar das rosas? Um jardim se soergueria flutuante. Nunca d’antes visto. Eu seria inédito. Incólume de apreciações. Eu seria branco estimulante entre os três pontos. Há o caos de uma dívida absoluta e de toda a humanidade dentro de minhas veias construída: um paradízimo. Reclamava do jogo de pentelhos tortos, pitorescos, mas se esquecia de que toda a marca da placenta fedida seria soberana em seu aspecto extremamente disforme e que se moldaria a todas as convicções, preconceitos e tiques-nervosos tão apregoados no lado de dentro que nem sei. Para tudo, uma receita amálgama; para tudo uma gentileza pesarosa. Não, eu nunca te abandonarei de minha doença longa. Da beira da borda da janela louca, tudo se lança à possibilidade de existência. Desejo de que aqui jaz tomada de propulsões de pulo.