Ainda sobre
o imenso empenho de nada. Eu e minha imensa paixão pelas sugestões de vida cada
vez esbranquiçadas nas flores da mente. O tempo vem passando e houve algumas
noites em que parecia que ele não passava nunca. Ali parado, com olhos
ressacosos de Capitu, mas enquanto isso ele passava sorrateiro à minhas
impercepções de coisas práticas. À minha única conclusão de que os seres
humanos se extinguirão, em favor de cridos em sua insuscetibilidade, apenas. Pense
então em mim como a mesma sensação das gotículas. Observe que quando o líquido
se vê coagido a sólido, ele corre corre até o ponto mais áureo do cubo, mas ele
vai se imobilizando, se imobilizando. Ele já sabe que a vida recomeça em forma
de arestas mais duras, menos jocosas e mais vulneráveis. Os pequenos fracassos
e seus desfiladeiros inexoráveis: tão escorregadios todas as vezes que nos vêm à
tona. Nem sabemos a razão do pontiagudo da dor que causa: mas que terra é essa
o coração? Pena há vida passando em tudo. Pena há sangue brotando. E pena todo aleijado
tem muleta. Tem o lugar do pensamento, das paixões e das defenestrações fictícias.
Mas a grande questão é: de que vale um coração? Como saber o que há de
beliscões em pesadelos cada vez mais vívidos? Há uma parede invisível-visível magnífica
e insaciável sendo plantada. Mas de onde vem o bloqueio-mãe, ninguém ainda se
arrisca. Apenas anda-se circularmente, ao passo que a vida vem se encarregando
de que todas as alternativas de escavação de túneis sejam tampadas, até que a
maratona seja vencida redonda. Não há mais saídas, mas há uma fobia enorme de
que o mundo dê voltas e de que a boca do sapo nos espere. Sob a égide de um
imenso pedregulho, incomunica-se, e na porta-pequena-do-mundo-sem-porta,
pequenas conversas montam rigidamente seus blocos, mas na hora de se
ejacularem, não se sabe o porquê ali elas se entalam, elas se atropelam, elas
se engolem. Um câncer de uma vida inteira toda à espreita. Uma série de contravenções
lá d’alma vem se acumulando e o som cada vez mais estridente, penso que os
tímpanos se explodirão por conta própria. Em forma de nuvem, se esfumaçarão. Um
pequeno papel branco é a ponte desse abismo sinuoso e sonolento que se
exacerba. A vida, as outras coisas e seus pequenos buracóides. Prometo que não
há vaga-lume mais prestes a se queimar do que os abajures conduzidos pelas
carnes em dias tão desorientados. Pobrezinhas.
"defenestrações fictícias." rs
ResponderExcluirÓtimo texto Flávia!