sexta-feira, 15 de junho de 2012

Em terra de vaga-lumes, abajures também se queimam


Ainda sobre o imenso empenho de nada. Eu e minha imensa paixão pelas sugestões de vida cada vez esbranquiçadas nas flores da mente. O tempo vem passando e houve algumas noites em que parecia que ele não passava nunca. Ali parado, com olhos ressacosos de Capitu, mas enquanto isso ele passava sorrateiro à minhas impercepções de coisas práticas. À minha única conclusão de que os seres humanos se extinguirão, em favor de cridos em sua insuscetibilidade, apenas. Pense então em mim como a mesma sensação das gotículas. Observe que quando o líquido se vê coagido a sólido, ele corre corre até o ponto mais áureo do cubo, mas ele vai se imobilizando, se imobilizando. Ele já sabe que a vida recomeça em forma de arestas mais duras, menos jocosas e mais vulneráveis. Os pequenos fracassos e seus desfiladeiros inexoráveis: tão escorregadios todas as vezes que nos vêm à tona. Nem sabemos a razão do pontiagudo da dor que causa: mas que terra é essa o coração? Pena há vida passando em tudo. Pena há sangue brotando. E pena todo aleijado tem muleta. Tem o lugar do pensamento, das paixões e das defenestrações fictícias. Mas a grande questão é: de que vale um coração? Como saber o que há de beliscões em pesadelos cada vez mais vívidos? Há uma parede invisível-visível magnífica e insaciável sendo plantada. Mas de onde vem o bloqueio-mãe, ninguém ainda se arrisca. Apenas anda-se circularmente, ao passo que a vida vem se encarregando de que todas as alternativas de escavação de túneis sejam tampadas, até que a maratona seja vencida redonda. Não há mais saídas, mas há uma fobia enorme de que o mundo dê voltas e de que a boca do sapo nos espere. Sob a égide de um imenso pedregulho, incomunica-se, e na porta-pequena-do-mundo-sem-porta, pequenas conversas montam rigidamente seus blocos, mas na hora de se ejacularem, não se sabe o porquê ali elas se entalam, elas se atropelam, elas se engolem. Um câncer de uma vida inteira toda à espreita. Uma série de contravenções lá d’alma vem se acumulando e o som cada vez mais estridente, penso que os tímpanos se explodirão por conta própria. Em forma de nuvem, se esfumaçarão. Um pequeno papel branco é a ponte desse abismo sinuoso e sonolento que se exacerba. A vida, as outras coisas e seus pequenos buracóides. Prometo que não há vaga-lume mais prestes a se queimar do que os abajures conduzidos pelas carnes em dias tão desorientados. Pobrezinhas. 

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