quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Estudo sobre as mãos delicadas

Os tentáculos inexplícitos queimam as pontas fáceis de um temporal. E se estenderiam por entre as vísceras, mais ascendentes das almas, e se responsabilizariam pelo grau mais sublime de toda a incompreensão. A tudo perfuraria a hermética flor de lótus; por tudo percorreria a incapacidade de se fazer deixar estar em vínculos. Uma pequena mão, um animal de gestos delicados, ainda apesar de tudo. Uma chaleira gritosa em seu coração pudico. O acre entre as palmadas de sua literatura. A morte do parágrafo. A mão dada aos desapegos dos dedos falanges sinestésicos. Miúdas travessuras de amor constituem o coração dessa nova flor rodopiante. É patologia de uma literatura surgente. É pescoço de estendidas girafas crocantes. Era preciso fosse um engasgo que a tudo surrupiasse em desalento, em um supetão de cordas enforcadas para que a ordem dos suicídios se estabeleça. Salvo, antes ainda a sedução por um longo bocejo profundo. Por que seria arraigadamente subjugada pelas palavras que por dentro da esfinge pinicam, por dentro dos trópicos corrompem. As palavras que não serão ditas ao alcance das agulhas enformigadas. O novo mundo no sulco das feridas sulfurosas. Abriria poucadamente despetalando cada brotoeja de mágoa ressarcida, cada pó de memória embrenhada. Os gestos sucumbiriam à luz das glotes esfomeadas, eles cairiam no gozo das palavras que não se bicam no nado de insignificação de pensamentos. Os dedos segurariam as cabeças pândegas pendentes de comicidades, de despautérios. Conduzem-se as rédeas com riscos de vontade inacabada de genital, guia que volanteia em pavorosa. Segue, tornando dificultosos os antes despolemizados; encadeados os desassociados. Pequena relva dentro da revelia, mas é daí que o derradeiro brota orquideazinha. Andam botânicos os dedos de trepadeiras, mas é assim que se inicia o traço do ponto geométrico em cruz.

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