quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A ventoinha e a queimação

Sua, sua o peito do passarinho. E o céu da boca se enrubesce, pois é noite de não-sei-quem, com que nenhum sedativo forte pode. Lembra daquela primeira condição imagética de meus olhos? Lembra de minha situação de transtornado? É como se um mar furioso os encobrisse e o mundo se cortasse em dois; dos meus ouvidos para dentro, dos meus ouvidos para fora. O meu pião que roda. O meu controle. É como se uma ventania os afastasse deliciosamente para longe de meus domínios. E se meu coração não fosse real? E se eu soubesse que se trata apenas do eco do impacto acontecendo? Não quisesse se embrenhar nos afagos, não quisesse encismar-se, mas tudo já estava sendo tecido pelas adagas triunfantes. Deixa estar um par de vísceras quadri-brilhantes do centro de meu rosto, de onde gotejam pingos flamejantes de alguma rendição. Deixa que eu voe sob as costas da vassoura e promova a varredura de tudo. Deixa que as garrafas tragam líquidos virais e os aplique no fundo daquelas sandices. Lembra quando se sentavam amadeirados e se rompiam cupinosos? É o castigo de acostumar-se a um leito só agarrado. É um pagamento de morte.

Um comentário:

  1. Ainda sob o impacto da leitura, sobra apenas uma frase: este texto leva uma vida de poeta!

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